sexta-feira, 22 de julho de 2011

SONS/Rimas

Além de significar, as palavras de um poema também soam. E, já que soam, de preferência, devem soar “bonito”. Além disso, é bom que o efeito sonoro também se relacione com aquilo que o poema quer dizer (ou duz, independente de querer), com aquilo que as palavras significam.

Existe uma série de efeitos sonoros que podem ser apresentados em um poema. Entre os os quais, poderíamos citar a aliteração, a assonância, a onomatopéia, entre outros. No entanto, o mais conhecido e mais comum efeito sonoro de um poema é a rima, a tal pontos, que, popularmente, às vezes, rima é considerado como um sinônimo de poema.

É, justamente, sobre a rima realizaremos algumas observações nesta respectiva postagem.


Rima

Chama-se rima a repetição de sons semelhantes ou no final de dois versos ou no meio de um mesmo verso ou de dois versos diferentes.

Exemplo de rima:

“Minha terra tem palmeiras,
onde canta o sabiá.
As aves que aqui gorjeiam
não gorjeiam como lá”

“Canção do Exílio” de Gonçalves Dias


As rimas podem ser consoantes, quando as vogais e consoantes das palavras rimadas se assemelham, como nos versos “Ah que saudades que eu tenho/da Aurora da minha vida/da minha infância querida/que os anos não trazem mais”, de Casimiro de Abreu, ou soantes, quando a vogal tônica da palavra se assemelha a de outra, como no como no exemplo do poema “A Canção do Exílio”.

As rimas também podem ser alternadas, como poema citado acima, de Casimiro de Abreu, emparelhadas, (ex: “Quebrar o brinquedo/uma forma de saber o seu segredo”, do poema “Quebar o Brinquedo”, de Ricardo Lopes), interpoladas ou misturadas (ex: Nas nossas ruas, ao anoitecer/Há tal soturnidade, há tal melancolia/Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia/Despertam-me um desejo absurdo de sofrer” “O Sentimento de um Ocidental”, de Cesário Verde), de acordo com a distribuição das mesmas.

De acordo com a categoria gramatical da palavra rimada, a rima pode ser “pobre” (de igual categoria) ou “rica” (de categoria diferente).

Ex: “Nasce o sol e não dura mais que um dia/depois da luz se segue a noite escura/Em tristes sombras morre a formosura/Em contínuas tristezas, a alegria” (“A Instabilidade das Coisas do Mundo” de Grregório de Matos) (dia e alegria, rima pobre/ escura e formosura, rima rica).

De acordo com o acento tônico podem ser agudas, formadas por palavras oxítonas (ex: “Minha terra tem palmeiras/onde canta o sabiá/As aves que aqui gorjeiam/Não gorjeiam como lá”, Gonçalves Dias), graves, formadas por palavras paroxítonas ou esdrúxulas, formadas por palavras proparoxítonas (ex: “Amou daquela vez como se fosse a última/beijou sua mulher como se fosse a única”, “Construção”, Chico Buarque).

Podem também ser internas (no meio do verso) ou externas (no final do verso).

Rima não é sinônimo de poema. Por isso, para se fazer um poema, não basta e nem se necessita de rimar. O mais importante é combinar os sons das rimas de modo a fazer “soar bonito” o poema, combinando a sonoridade do mesmo com aquilo que ele diz.


Ricardo Lopes é professor e escritor de poemas e peças teatrais. É autor da peça “Mãe ou o antiédipo”, premiada em 2º lugar no Concurso Carlos Carvalho de Dramaturgia, em 2001, da Prefeitura de Porto Alegre.

Para entrar em contato e-mail riclopp@ig.com.br telefones (Rio de Janeiro)

0 21 22011212 / 0 21 94082693

Nenhum comentário:

Postar um comentário